Gabinete da Prefeita

O município de Benevides vive um novo momento em sua política pública voltada para a juventude. No dia 29 de abril, o projeto Papo de Moças, idealizado como uma ação de escuta, acolhimento e empoderamento feminino, iniciou oficialmente suas atividades em escolas da rede estadual de ensino, tornando-se parte integrante do Programa Jovem 360º, uma das iniciativas mais abrangentes e inovadoras da Secretaria Municipal de Juventude (SEMJUV).

O projeto, que tem como público-alvo meninas e jovens mulheres entre 14 e 29 anos, propõe rodas de conversa, oficinas e vivências voltadas para temas urgentes como autoestima, prevenção à violência, direitos sexuais e reprodutivos, saúde mental, protagonismo feminino e enfrentamento ao machismo estrutural.

A partir de agora, integrado ao selo Jovem 360º, o Papo de Moças passa a fazer parte de uma política pública transversal, que une diferentes áreas em prol do fortalecimento da juventude benevidense — um marco para a cidade que busca se destacar na construção de redes protetivas e de emancipação social para seus jovens.

Para Márcia Monteiro, coordenadora municipal da Juventude de Benevides, a iniciativa é uma ação estratégica dentro do Programa Jovem 360º, pois coloca a vivência da juventude feminina no centro do debate. “O projeto contribui para o enfrentamento de desigualdades de gênero, para o combate à violência e para a construção de uma juventude mais consciente dos seus direitos e do seu valor. Isso é política pública com sensibilidade, com escuta e com resultados reais”.

A primeira escola estadual a receber o Papo de Moças este ano, foi a EEEMTI Deusarina Nascimento Souza, no bairro Independente. A recepção entre alunas, professores e gestores escolares foi bastante positiva. Para muitas estudantes, é a primeira vez que vivenciam um espaço institucional onde podem se expressar sem medo, e onde suas dores e sonhos são levados a sério.

“Eu nunca imaginei que poderia falar sobre coisas da minha vida e ser ouvida com tanto respeito. Aqui, não tem julgamento. A gente aprende, compartilha e se sente mais forte”, relatou uma aluna do 8º ano do ensino fundamental.

A proposta é que, até o final do ano, o projeto atenda mais escolas do município, com encontros semanais e acompanhamento contínuo das participantes. Além das rodas presenciais, o projeto estuda a criação de um canal digital exclusivo para as moças do programa, onde possam acessar conteúdos, vídeos e orientação especializada.

UM PROJETO QUE NASCE DA ESCUTA

O Papo de Moças surgiu a partir de uma demanda recorrente identificada pela SEMJUV em suas visitas às escolas, unidades de saúde e centros comunitários: a necessidade urgente de criar um espaço seguro e afetivo para meninas expressarem suas angústias, dúvidas e vivências.

O nome “Papo de Moças” faz alusão à informalidade de uma conversa entre amigas, mas carrega em si um projeto profundamente estruturado e estratégico.

A assistente social Raimara Lucena, idealizadora do projeto, explica que o Papo de Moças surgiu da escuta atenta às demandas das jovens do município. “Elas nos diziam o quanto sentiam falta de alguém que as escutasse sem julgamento”, lembra. Segundo ela, o projeto cria um ambiente seguro para que meninas e jovens mulheres possam se expressar livremente. “É mais do que uma roda de conversa — é um gesto político e social de valorização dessas vozes e de fortalecimento da rede de proteção e acolhimento no município.”

O TRABALHO EM REDE: PILAR ESSENCIAL

Um dos diferenciais do Papo de Moças é sua estrutura interdisciplinar, com a participação de psicólogos, professores, enfermeiros e assistentes sociais, que atuam de forma integrada. Cada profissional contribui com sua perspectiva para criar uma escuta acolhedora. Psicólogos abordam questões como ansiedade e autoestima; professores fortalecem o protagonismo estudantil; enfermeiros promovem rodas de saúde sobre higiene íntima e prevenção de ISTs; e assistentes sociais mapeiam vulnerabilidades e encaminham para a rede de proteção.

A psicóloga do CREAS, Geyciane Seabra, destaca o papel do projeto como uma ferramenta estratégica na rede de proteção social. “O projeto atua como uma importante porta de entrada para que meninas e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco sejam identificadas e encaminhadas com mais agilidade”, afirma.“Ao participar das rodas de conversa e se sentirem acolhidas, elas começam a verbalizar o que antes estava silenciado, e isso nos permite agir de forma preventiva e assertiva”, destaca. 

A enfermeira Ivaneide Gonçalves, coordenadora do Programa Saúde da Mulher/PSE, ressalta que o Papo de Moças tem um papel essencial na promoção da saúde entre adolescentes. “A ação tem um impacto direto na forma como as jovens acessam e compreendem informações sobre saúde, especialmente saúde sexual e reprodutiva. É um trabalho que previne, orienta e cuida”, afirma.

JUVENTUDE COMO PRIORIDADE

O Programa Jovem 360º tem como foco o desenvolvimento integral da juventude, por meio de ações articuladas nas áreas de cultura, educação, saúde, assistência social, esporte, sustentabilidade e direitos humanos. A inclusão do Papo de Moças em seu portfólio fortalece ainda mais o compromisso do programa com as questões de gênero e com a valorização da diversidade entre os jovens.

A iniciativa é ainda mais relevante diante dos crescentes indicadores de violência contra meninas e mulheres no Brasil, especialmente em regiões periféricas e amazônicas.

Em Benevides, o futuro das moças está sendo redesenhado com afeto, cuidado e política pública. Porque quando elas falam, toda a cidade precisa ouvir.

REPORTAGEM: Igor Marques