Secretaria Municipal de Educação

A prática do Desemparedamento das Infâncias em Benevides

Nesta matéria, conheça os efeitos dessa prática nas crianças e nos seus cuidadores.

02/04/2024 08h59 - Atualizada em 02/04/2024 11h50
Secom

Desde quando a Criança virou o público central em Benevides, com a implementação do Plano Municipal pela Primeira Infância em 27 de agosto de 2022, políticas públicas começaram a surgir voltadas especialmente para elas e a tudo e todos que a cercam. 

Na perspectiva da educação, lideranças educacionais repensaram o plano Político Pedagógico, com o objetivo de promover na rotina escolar práticas que contribuam no desenvolvimento integral das crianças, sendo uma delas a prática pedagógica do Desemparedamento das Infâncias.

Uma parceria entre Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e Centro de Formação e Pesquisa de Benevides. 

Nesta matéria, saiba os efeitos dessa prática nas crianças e nos seus cuidadores.

Desemparedar as infâncias significa considerar que as crianças também podem e têm direito de aprender fora de quatro paredes, que é a tradicional sala de aula, aproximando-as cada vez mais da natureza, com estímulos para se desenvolver ao ar livre.

"Eu amo brincar na natureza, o que eu mais gosto é de fazer comidinhas com a natureza. Eu já fiz um bolo", disse uma criança. 

Gleice é mãe de uma criança de 5 anos da UMEI Melquíades de Lima, que fica no distrito de Murinin. Ela se tornou uma das apoiadoras dessa prática. No pátio da instituição de ensino, à céu aberto, as crianças costumam brincar livremente com brinquedos naturais, nesse espaço elas também têm a possibilidade de fazer produções artísticas.

“Minha filha tem amado brincar ao ar livre, estar em contato com as flores, com a terra, tem sido uma experiência importante para ela”, conta a mãe.

Estudos nos EUA, 2005, mostram que em escolas que oferecem oportunidades de aprendizado fora da sala de aula, obtém uma melhora significativa no aproveitamento dos alunos em diferentes áreas do conhecimento, além do desenvolvimento saudável do corpo e da mente.

A partir desta compreensão, Benevides direcionou uma atenção maior para o ambiente escolar, expandindo territórios por áreas mais verdejantes para as crianças.

O espaço livre é preparado pelos professores e professoras, com várias intencionalidades e estímulos na composição dos elementos naturais, com cores e diferentes texturas, que provocam curiosidade nas crianças, movendo-as para a pesquisa. 

Hoje, escolas de Educação Infantil e também as que atendem Ensino Fundamental, têm como prática o desemparedamento, com estruturas adequadas para o brincar e o aprendizado ao ar livre.


Especialmente nos Centros Municipais de Educação Infantil CMEI’s, crianças têm momentos de conexão com a natureza durante a semana, nos quais elas interagem com elementos naturais, como a terra, folhas, flores, água, bambu, e outros produtos artesanais próprios da região amazônica. Elas criam brinquedos a partir deles, potencializam a imaginação, o senso de coletividade e se desenvolvem.  

Flávio Aguiar é pai de uma criança de 5 anos que estuda no CMEI Florescer, no Bairro das Flores. Ele é um dos apoiadores da prática do desemparedamento depois que entendeu que o contato com a natureza é benéfico para uma criança e para o mundo.  

“Eu percebi que quando a criança sai do ambiente de sala de aula e vai para o ambiente externo na natureza ela trabalha de maneira lúdica e inconsciente os sentidos, a questão motora, desenvolve a consciência ecológica Ambiental de preservação, sem contar que elas estão se divertindo fugindo da rotina de sala de aula. Essa experiência torna a rotina escolar agradável e divertida, e soma para que as novas gerações tenham mais cuidado com nosso mundo.” conta o pai.

O pai conta ainda que a partir do contato mais frequente com a Terra, a criança passou a interagir de forma mais harmoniosa com a natureza, bem como no brincar com as outras crianças. A prática tem cultivado nela experiências de amizade e colaboração.

“É notável uma melhora no convívio social, pois como ela é filha única não tem interação com outras crianças na rotina fora da escola. Logo, quando saímos para casa de parente ou amigos, ou quando recebíamos visitas, ela tinha dificuldade em compartilhar brinquedos e outras coisas também sempre queria ter o controle das coisas. Sempre queria que as brincadeiras fossem do jeito dela. Agora, ela já compartilha, é flexível, e tem uma vida mais leve interagindo de maneira harmoniosa com os outros”, conta o pai.

As experiências na natureza em contato com os elementos vivos acolhem as crianças, público mais afetado pelas mudanças climáticas, além de proporcionar o sentido de pertencimento, estímulo da curiosidade e um exercício de amor com a própria terra. 

Benevides é a cidade das Crianças e, em parceria com a Urban95, tem construído uma cidade mais amigável para as crianças, famílias e seus cuidadores.